quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Será que é Loucura?

Pintura: Metamorfose de Narciso - Salvador Dali

Por muitas vezes me deparo com perguntas que fogem sem deixar respostas, e sempre voltam pra me atormentar... O que eu sei? O que faz de mim a pessoa que eu acho que sou? Por que estou tão aflita com o "hoje" sendo que não sei do amanhã? Pra que se preocupar tanto? Pra que planejar tanto? Se por tantas vezes planejei e a vida mudou seu rumo... Como fazer certo? E se eu errar? Esses planos são meus mesmo? Eu conheço de verdade essas pessoas que eu acho que conheço? O que tem sentido? Existem respostas?...

Existe a complexidade dos seres, do mundo, viver definitivamente não é algo tão simples. Muitas vezes fugir do “padrão” estabelecido pelo sistema, pode se tornar um caos interno. E se eu estou fora dessa ordem, o que vai ser de mim? È muito mais fácil viver essa "ordem" do que tentar desordená-la, do que tentar ao menos questioná-la. Os questionamentos só irão acontecer dentro de mim, no meu “mundo”, no qual começo á ouvir outras vozes, a conversar comigo mesma na incessante busca de tentar entender o meu “eu”, as pessoas, o mundo... Até o momento em que me sinto sufocada, e com vontade de sair gritando as minhas indagações, quando me vejo contida em mim mesma, sem poder anunciar a minha desordem, a minha “loucura”... a minha desrazão.


 
Texto: Narciso Cego
Thiago de Mello
Tudo o que de mim se perde
acrescenta-se ao que sou.
Contudo, me desconheço.
Pelas minhas cercanias
passeio – não me freqüento.

Por sobre fonte erma e esquiva
flutua-me íntegra, a face.
Mas nunca me vejo: e sigo
com face mal disfarçada.
Oh que amargo é o não poder
rosto a rosto contemplar
aquilo que ignoto sou;
distinguir até que ponto
sou eu mesmo que me levo
ou se um nume irrevelável
que (para ser) vem morar
comigo, dentro de mim,
mas me abandona se rolo
pelos declives do mundo.

Desfaço-me do que sonho:
faço-me sonho de alguém
oculto. Talvez um Deus
sonhe comigo, cobice
o que eu guardo e nunca usei.
 Cego assim, não me decifro.
E o imaginar-me sonhado
não me completa: a ganância
de ser-me inteiro prossegue.
E pairo – pânico mudo -
entre o sonho e o sonhador.

Tássia Silva,
Graduanda em Terapia Ocupacional - 7º período

e o que dizer?



Acho que todo mundo na hora de vim escrever aqui se fez essa pergunta..
qual a minha desrazão? será que tenho? será que existe isso dentro de mim? é uma coisa que me pertuba ou que me faz bem ? ou os dois ao mesmo tempo? são minhas angústias, minhas expectativas ou o medo do futuro?

Eu particulamente não sei..
mas atualmente o que mais me intriga é essa confusão de sentimento, é a vontade de vencer e o medo de esperar tudo acontecer, dia pós dia.

E o que mais me pertuba de verdade é essa minha insônia de todos os dias, que faz piorar os pensamentos, faz eu fazer planos que são impossíveis, faz eu sonhar e ter pés no chão ao mesmo tempo. E faz eu também ir no banheiro de 10 em 10 minutos. :(

Tô me sentindo um pouco desarrazoada agora!

Mas quero entender essas minhas "neuroses", quero compartilhar a ideia e o conhecimento, quero viver cada minuto, quero sentir, e entregar-me. Ou nas mãos de Deus, ou a desrazão. Aos dois.
Viva a loucura de cada um!



Natália Madureira 
Graduanda de Terapia Ocupacional - 4º semestre 

Procurando um sentido...


Talvez se passem horas, dias e até anos na busca de estabelecer o imprevisível! E que planejamento é esse que condiciona o mundo a racionalizar a temporalidade; que te faz assumir mil atribuições diárias com o intuito de determinar os resultados de uma produção abstrata. Conceituando ... existe um medo de externalizar o que está fora de um padrão, onde você simplesmente não quer " ter que "fazer nada do que aprendeu até aqui , pelo menos não agora e não desta forma. Porque desde que o mundo é mundo existe liberdade, e o que fizeram dela?  Escolhas precisam ser vivencias com essência de extraordinário, de novo e da despedida de um hoje que não dá indícios de uma amanhã. E agora... ta escutando? TIC  TAC TIC TAC... será que ainda dá tempo de fugir da regra hoje? Quem inventou o relógio hein? Acho que não contaram pra ele que alternar noite e dia ( claro e escuro) não divide o viver, são somente as cores que a vida assume e aí tanto faz por onde você vai começar...

Yasmim Magalhães
Graduanda de Terapia Ocupacional

Saúde mental em desrazão

Muito importante a criação de um grupo de estudantes que se reúnem na hora do almoço, sacrificando- o para ler e discutir textos sobre saúde mental. Não que acho ruim, aliás, gosto muito dos debates e das colocações de cada um.
Estar nesse grupo é criar uma identidade aos doentes mentais, é dar uma visibilidade aos invisíveis da nossa sociedade é quebrar todos os preconceitos que possa ter ou adquirir.
Ser louco é normal, viver a desrazão também, que pena que nem todos pensam assim.
Estar na desrazão é necessário para todos e até para nos ditos normais, mas o problema na questão é o império da razão, que não deixa ninguém fugir da realidade. Existe no imaginário das pessoas um teto Maximo da razão, se ultrapassar está louco e  doente e precisa do CAPS para se libertar desse mal.
Se existe uma diferença entre loucos e normais é apenas 1, os LOUCOS estão em constante DESRAZÃO e os normais tem alguns intervalos não muito constantes.
Acho que é isso,
Paulo Henrique Gomes  

O tempo...

"Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê passaram 50 anos!
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas..."

Mário Quintana

O tempo é uma desrazão e particularmente considero-o a maior das desrazões.
Porque temos que seguir um objeto que gira nos convidando a ir contra aos nossos próprios organismos, nossas vontades.
Os 5 minutinhos a mais é uma forma que utilizo para driblar e me "desescravisar" deste senhor que comanda toda a sociedade.
Infelizmente, a razão é mais forte em mim e todos os dias antes de dormir conto quantas horas terei para descansar...

Kelly Alves
Estudante de Terapia Ocupacional

Em Plena Desrazão ou Não ?

     Hoje ao acordar, me arrumar e ir para faculdade, comecei a observar todas aquelas pessoas " normais" gritando no trânsito, xingando umas as outras, e aquilo foi me deixando cada vez mais nervosa ao ponto de querer gritar e brigar também, então comecei a me observar e pensar nessas atitudes ao longo do caminho, chegando na faculdade ali mesmo no estacionamento entrei em profunda reflexão, nervosismo, medo, medo, medo de ter medo, enquanto observava, de dentro do carro, um grupo marginalizado da sociedade praticando o furto, aquilo era uma razão para aquelas pessoas ? e uma desrazão pra mim? por isso senti tanto medo de descer do carro e acontecer algo comigo? e se eu descesse e fingisse que nada de mais estava acontecendo? eu estaria em plena desrazão? me chamariam de louca? e aqueles rapazes se assustariam com isso ? o que é certo ? o que é errado ? é certo ter medo ? é errado  roubar? é errado ter medo? é certo roubar ? por quê? por quê? Ora Razão Ora Desrazão.No fundo no fundo eu só queria descer do carro.
Boa Noite.





Clara Alcântara
Terapia Ocupacional 4ª semestre.

Compartilhando uma "Loucura"



Acho as pessoas encantadoras quando estão inseridas em um contexto de relação amorosa, naquela fase inicial de paquera. Quando interessadas em conquistar o outro, elas mostram o seu melhor lado, o seu lado mais doce, divertido, atraente... Esse contexto inicial de paquera é o que nos leva fatalmente a uma possível paixão.
Se eu deixasse a minha desrazão reinar, o que eu gostaria mesmo de fazer é viver várias paixões. Viveria toda a minha vida apenas para sentir a emoção de estar apaixonada. Eu particularmente adoro sentir os sintomas da paixão e as sensações trazidas por ela: aquela tremedeira nas pernas, o coração acelerado, a respiração ofegante e a perda da voz por alguns instantes.
Mas a paixão não tem somente esse lado que vicia a gente; como na maioria das vezes a paixão não é correspondida após um tempo, o que sobra desses sentimentos que nos fazem flutuar de tanto prazer, são apenas lembranças, saudades e sofrimentos. Sendo assim, quando esse lado ruim da paixão chegasse, eu iria de encontro com outras paixões e viveria tudo novamente. Conhecendo os lados encantadores de outras pessoas.
Essa ideia para a sociedade pode ser considerada uma grande loucura. Uma mulher livre e independente que não tem uma relação estável com uma pessoa, e/ou não se casa; ao invés disso vive relações dinâmicas ao decorrer da vida. Como a sociedade molda as nossas atitudes e opiniões e portanto faz parte do meu pensar, grande parte de mim também acha isso uma loucura. Por isso, por mais que eu sinta esse pequeno desejo de viver a vida diferentemente do que a sociedade nos impõe, o meu lado racional reina e me diz que o que eu tenho que fazer é ser e viver assim como as outras pessoas “normais”, ter relações estáveis, se casar, ter filhos, e assim constituir uma família. Eis que então, o império da razão reina sobre mim.
Renea D. B.
Graduanda em Fisioterapia
2° Semestre

"Eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também."
Já sei Namorar - Tribalistas.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

2º encontro - 14/10/2011

            Gostaria de compartilhar com vocês um breve relato sobre o último encontro do nosso grupo de estudos, realizado no dia 14 de outubro. As discussões foram direcionadas pelo professor Pedro, que nos deixou livres para expressarmos nossas impressões e opiniões sobre o texto base da semana (“Concepções e práticassociais em torno da loucura: alcance e atualidade da História da Loucura deFoucalt para investigações etnográficas”).
            Inicialmente discutimos a respeito do perfil das pesquisas que são desenvolvidas na área de saúde mental e concluímos, em concordância com as autoras do texto, que há poucos trabalhos voltados para estudar o contexto em que os doentes mentais estão inseridos; assim como há uma escassez de pesquisas sobre a visão que sociedade tem dos doentes mentais.
            Após este primeiro momento resgatamos algumas informações importantes contidas no texto sobre a história da loucura, passando pelo Renascimento, Idade Clássica e Modernidade, e acompanhando as mudanças de concepção sobre a loucura. Esta retrospectiva nos permitiu constatar que a loucura nem sempre foi vista como uma doença e que a doença mental é um produto histórico/cultural, variável no tempo e no espaço; isto chama a nossa atenção para enxergarmos o doente mental sob uma nova perspectiva.
            Deve-se, portanto, enxergar o doente mental no contexto em que ele está inserido, perceber seus sofrimentos e trabalhar para amenizá-los, e não olhar somente para a patologia, como se não houvesse fatores que a influenciam – como era entendido antigamente. Por fim, entendemos que as mudanças de concepção e quebra de paradigmas são essenciais para contribuir na construção de uma identidade para os doentes mentais.

Até o próximo encontro.

Paulo Henrique F. dos Santos
Graduando em Enfermagem
6º semestre

sábado, 8 de outubro de 2011

O nascimento

No dia 30 de outubro de 2011 nasceu o primeiro grupo de estudos interdisciplinares da Faculdade UnB Ceilândia. O grupo "Saúde Mental: Clínica, Políticas e Instituições" traz como propósito uma discussão interdisciplinar sobre os diversos aspectos relacionados aos transtornos mentais e às drogas, envolvendo desde os aspectos históricos e políticos, até as implicações clínicas relacionadas.
Os envolvidos no projeto permeiam pelas diversas áreas da Faculdade Ceilândia: Terapia Ocupacional, Saúde Coletiva, Enfermagem e Farmácia. Essa constituição muito virá a contribuir para o crescimento ético, profissional e de responsabilidade social dos alunos. Sob a coordenação dos professores Pedro Jabur, Ioneide e Paula, a construção de conhecimentos ocorrerá de forma fluida até maio de 2012.
Animados, os alunos e coordenadores traçaram como metas a criação e manutenção desse blogger, que funcionará como um diário de bordo dos trabalhos desenvolvidos e que será mantido por todos os envolvidos. Além disso, surgiu o interesse na criação de trabalhos que ultrapassem as barreiras do curso, estendendo-se à produção de conhecimentos científicos a serem compartilhados.
E é com grande prazer que os alunos e professores do grupo "Saúde Mental: Clínica, Políticas e Instituições" dão início às suas atividades e inauguram esse intrumento de troca de experiências. Esperamos que esse blog contribua não somente para os envolvidos no curso, mas também a todos os alunos interessados pela estruturação, atuação e modificação da área de Saúde Mental, carente de profissionais apaixonados e alunos motivados a abraçar a causa e fazer parte da luta.

Hévane Virgínia dos Santos
Graduanda em Enfermagem
6º Semestre