domingo, 27 de novembro de 2011

Último encontro do primeiro módulo.

CUIDAR.

Revemos o que foi dito na última aula, sobretudo em relação ao império da razão. Este que tenta limpar a sociedade. Transformar o louco numa pessoa queta. Impedir que o louco possa viver sua própria loucura. Sobre pré-conceitos institucionalizados em nós próprios. Mas como enxergar esse manicômio mental? Como desrazoar essa prática na saúde? Foram questões levantadas e que geraram um tempo em silêncio. Até que indagou-se e começou a falar sobre a Reforma Psiquiátrica e que ela não deveria existir (no sentido do título). A reforma não é sobre a psiquiatria. A Psiquiatria em si faz o papel dela, com erros e acertos, como em  toda profissão. Não se pode dizer que é reforma, e nem é da psiquiatria. Não é reforma, é revolução. Não é psiquiatra, é cuidado.
Na verdade é uma necessidade de revolucionar o cuidado. Se fala muito pouco sobre cuidado e nem se sabe o significado certo, e é por isso, e por medo que surgem os “apelidos” como humanização, acolhimento, etc. Não é o papel do psiquiatra pensar no cuidado. O paciente tem o resto do dia/vida para “ter o cuidado”.  O cuidado vem de todo o universo que o rodeia. De pessoas, de tratamento. Foi aí que entrou a questão social sobre a visão macroestrutural (a política, as leis) e que nada vai mudar se não olhar e observar a visão microestrutural.  (o profissional, a instituição). O problema é que querem mudar repentinamente o macro, o grande -  sem antes olhar as mudanças que tem que ser visíveis no micro, o pequeno - , mas que faz toda a diferença. Porque, o que é a doença mental? Como se trata? Apenas a parte neurológica? Isso os remédios, bem ou mal, dão conta. Mas o cuidado? Quem cuida? Ninguém quer se responsabilizar, e é por isso que o micro não muda nunca.
Ouvimos o texto da mulher negra de 40 anos numa sala de ginecologia que foi tocada por 15 estagiários e que teve como desfecho o gozo. Acho que todos ficaram perplexos essa hora. Então foi nesse momento que iniciou-se a discussão sobre a necessidade do atendimento, do cuidado, em que as pessoas se sujeitam a qualqer situação para ter atendimento. É  questão do “dominante e do dominado” em que não há escolhas, apenas segue o rumo da situação.
 Fez-se uma metáfora com o fenômeno da Pororoca, onde há um limite para esse encontro. É invadir o outro e ser invadido até um ponto que consiga retornar. O cuidado é estar com a pessoa, e que seja transformador. Transformador de saúde, de afeto. É  aí que está a revolução. É isso que tem que ser entendido, o cuidado. É o reconstruir vínculos. Isso é um ato de cuidado. A  revolução do cuidado é silenciosa. É pessoal,  é a mudança da relação microestrutural. Mas vale sempre ressaltar que  o foco não é a mudança,  é o cuidado, sempre.
E é por isso que achamos e concluímos que o cuidado não pode virar lei, se não ele muda de nome, ele se traveste. E então fica mais fácil você virar um mecânico de corpo do que um profissional de saúde.  E é isso que devemos lutar todos   os dias para que não aconteça, nós os novos profissionais de saúde do futuro. Vamos cuidar!


Natália A.F. Madureira - Terapia Ocupacional 



Saúde mental em desencanto


Complicado falar em saúde mental numa sociedade totalmente preconceituosa e que muitas vezes tem a aversão ao outro, ao diferente, infelizmente essa sociedade não conseguiu entender ainda que ser diferente e ter transtornos mentais é normal.
Escutar esse segmento se mostra como uma peça fundamental  para pessoas com transtornos mentais , pois ouvir é fundamental em termos de auto-afirmação, auto-estima e principalmente afeto. Como ficou demonstrado bem no ultimo encontro que tudo que eles precisam é disso. Infelizmente esse tal afeto  não pode encontrar em qualquer profissional e em quaisquer portarias Ministeriais, esta no desejo de cada ator em mudar a realidade que esta exposta e que todos ou pelo menos a metade já conhece bem.
Penso que temos que criar um modelo de atenção com uma representação verdadeira da realidade de saúde.
Temos que pensar um modelo que consiga dialogar com os movimentos sociais, que tenho bem delimitado as suas funções principais, que tenho uma perfeita organização das ações(não essa de apenas organizar filas), temos que ter uma gestão efetiva, um financiamento  condizente  com a realidade e com as ações que será desenvolvidas e por fim pensar em tecnologias.

Acho que é isso, ou pelo menos isso, uma breve reflexão de um Sanitarista.
          Paulo H. G . da Silva

                

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Estigma


 Exemplos retirados do livro Estigma-notas sobre a manipulação da identidade deteriorada, de Erving Goffman.

O primeiro exemplo é um relato sobre situações pelo qual pessoas com deficiências mentais podem passar por causa de estigmas existentes. O segundo exemplo é sobre um aleijado. Neste exemplo podemos perceber que não há normalidade, não há porque estigmatizar as pessoas, pois os chamados "normais" podem estar atrás em relação a outras pessoas chamadas de "anormais".

No link abaixo podemos descobrir mais sobre o estigma da doença mental.

http://port201-primavera2010.blogspot.com/2011/03/o-estigma-da-doenca-mental.html

Boa noite a todos, Renéa Dayane.

domingo, 6 de novembro de 2011

3º Encontro


Bom dia, no nosso terceiro encontro  em  21/10 discutimos o texto Manicômio mental a outra face da loucura, com o professor Pedro.  Para o início da reflexão algumas perguntas foram lançadas: O que quer dizer o manicômio mental?  E logo surge a resposta :o manicômio não está fora da sociedade, numa sociedade sem manicômios quando a gente fala em desospitalizar. O manicômio mental é estar em casa sem que possa criar novos vínculos, e romper vínculos, é o que podemos chamar de morte social. Em uma metáfora podemos dizer que o manicômio mental é como um cachorro, que temos que está atentos pois a qualquer momento poderá mostrar sua ferocidade e te atingir em uma mordida sangrenta. Portanto pode-se dizer que a família do louco é a maior produtora de manicômio mental. Não basta acabar com os manicômios  e fornecer tarefas para esse indivíduo e abafar qualquer desrazão sem dar espaço para a loucura. Outra pergunta que nos indagou foi: O quanto você está disposto a ouvir desrazões? Existe espaço para desrazão? E o que nos impede é o chamado império da razão que está sempre na nossa frente impedindo que se abra qualquer espaço para as desrazões. Nosso instinto é sempre tentar entender, essa relação tá construída desde cedo, na escola , na família e na sociedade em geral. A sugestão seria pensar loucamente: entrar no mundo da desrazão. Não buscar racionalidade para ajudá-lo.  

Então desse nosso encontro surge a idéia de pensar uma desrazão e relatar no Blog. E a pergunta norteadora é : Até onde iria a  sua sanidade caso houvesse quebra de relações sociais? Quando você não tem em que se apoiar.

Thiara Café
Terapia Ocupacional 7º semestre



terça-feira, 1 de novembro de 2011

Chove chuva chove...

Talvez uma das melhores formas seja acabar com a ditadura do guarda chuva!!!

- Formas de quê?, pergunta a formiga, o coelho e a tartaruga de uma fábula qualquer.

- Forma de tomar chuva, responde Nietzsche, para nós todos.



Quem conta a história para boi e vacas dormirem é o próprio do bigode grande.

Parte do Texto : A VERDADE E A MENTIRA NO SENTIDO EXTRAMORAL
Friedrich Nietzsche  1873
Houve épocas em que o homem racional e o homem intuitivo conviviam lado a lado, um com medo da intuição, o outro desprezando a abstração, sendo este último tão irracional quanto o primeiro era insensível com relação à arte. Ambos desejavam dominar a vida: o primeiro sabendo responder às necessidades mais imperiosas através da previsão, da engenhosidade e da regularidade; o outro, o herói transbordante de alegria, vendo nessas mesmas necessidades e admitindo unicamente como real a vida disfarçada sob a aparência e a beleza.
Lá onde o homem intuitivo, um pouco como na Grécia antiga, aplica seus golpes com mais força e eficácia do que seu adversário, uma civilização pode surgir sob auspícios favoráveis e a dominação da arte sobre a vida pode aí se estabelecer. Tal dissimulação, tal recusa da indigência, tal brilho das intuições metafóricas e sobre tudo tal imediatidade da ilusão acompanham todas as manifestações de uma existência. Nem a casa, nem o passo, nem a roupa, nem o cântaro de argila revelam qual foi a necessidade que os criou: parece como se em todos eles devesse exprimir-se uma felicidade sublime e uma serenidade olímpica, como que num jogo levado a sério.
 Enquanto o homem orientado pelos conceitos e pelas abstrações somente os utiliza para se proteger da infelicidade, sem retirar dessas abstrações, para seu proveito próprio, qualquer felicidade, enquanto ele se esforça para se libertar o máximo possível desses sofrimentos, o homem intuitivo, estabelecido no seio de uma civilização, retira, como fruto de suas intuições, além da proteção contra a infelicidade, uma clarificação, um desabrochar e uma redenção transbordantes. É verdade que ele sofre mais violentamente quando sofre e sofre mesmo mais frequentemente porque não sabe tirar lição da experiência e por isso cai sempre novamente na mesma vala em que já caíra antes.
Portanto, é tão desarrazoado no sofrimento quanto na felicidade; grita sem obter qualquer consolação. Como é diferente, no meio de um destino também funesto,  a atitude do homem estóico, instruído pela experiência e senhor de si graças aos conceitos! Aquele que ordinariamente só busca a sinceridade e a verdade só procura livrar-se da ilusão e proteger-se contra surpresas enfeitiçadas; aquele que experimenta na infelicidade a obra-prima da dissimulação, tal como o homem intuitivo na felicidade, este não tem mais o rosto humano sobressaltado e transtornado, mas leva uma espécie de máscara de admirável simetria de traços; não grita e não altera a voz. Quando uma boa chuva cai sobre ele, ele se envolve com o seu manto e se distancia com passos lentos sob a chuva.